O mundo oriental ainda é por muitas oportunidades algo cheio de surpresas para nós do Ocidente. Conhecemos por cima algumas de suas culturas e percebemos como quase tudo relacionado ao povo do outro lado do globo tem suas incríveis peculiaridades que os ajudaram a evoluir durante toda a história da humanidade. Mais especificamente falando da Ásia, podemos conhecer esse continente como um celeiro de culturas e costumes específicos, que surpreende todos que conhecem mais afundo.
Uma dessas práticas orientais de muita tradição e com suas devidas peculiaridades é a medicina chinesa. Um povo tão rico culturalmente e espiritual possui suas crenças e segue na prática dessas atividades que vem de longa data.
Podemos definir a medicina tradicional chinesa como um sistema de medicina que já possui mais de dois mil e trezentos anos de existências, no objetivo de curar e prevenir doenças, por meio da manutenção ou restauração do equilíbrio yin-yang. Yin-yang trata-se de um princípio filosófico chinês, de forma que yin e yang são duas energias opostas. Yin seria a escuridão e yang a claridade, que são representados por um símbolo circular preto e branco.
A acupuntura e os remédios fitoterápicos oriundos da China já são conhecidos há mais de dois mil anos, apesar de que o registro mais antigo acerca da medicina chinesa seja o Huangdi neijing, livro intitulado aqui no Brasil como Princípios de Medicina Interna do Imperador Amarelo. Essa obra forneceu conceitos teóricos para a medicina tradicional chinesa que permanecem como base de suas práticas até nos dias de hoje. Em essência, os curandeiros chineses procuram restaurar um equilíbrio dinâmico entre duas forças complementares (onde yin é passiva e yang ativa), como foi citado no parágrafo acima, com a finalidade de permear o corpo humano da mesma maneira que o universo como um todo. Segundo a medicina chinesa, uma pessoa é saudável quando existe harmonia entre essas duas forças – enquanto a doença é resultado de um colapso no equilíbrio entre elas.
Caso você tenha a oportunidade de visitar uma farmácia tradicional chinesa, aproveite, pois, é uma experiência como ir a um pequeno museu de história natural. As centenas de gavetas de gabinetes, estojos de vidro e frascos em uma farmácia típica contêm uma enorme variedade de material vegetal e animal dessecado. Em 1578, Li Shizhen publicou seu famoso Bencao gangmu, que lista 1.892 medicamentos e cerca de 11.000 prescrições formais para doenças específicas.
A prática da medicina chinesa
Buscando restaurar a harmonia, os curandeiros chineses podem usar de qualquer um dos inúmeros remédios tradicionais dessa cultura. O paciente pode ser tratado com acupuntura ou acupressão, além de moxabustão ou escavação. Moxabustão trata-se de uma espécie de acupuntura térmica feita com a combustão de ervas. No processo de escavação, xícaras de vidro quentes são colocadas no paciente afim de sugar sangue para a pele. Os curandeiros chineses também podem prescrever bebidas preparadas com uma ou várias das milhares de plantas medicinais encontradas localmente, além de partes secas de animais exóticos. Tudo isso é possível dentro do arsenal farmacêutico chinês.
A medicina tradicional chinesa faz uso de ervas e demais fórmulas herbáceas com a finalidade de fortalecer a função dos seus órgãos, além de melhoras da saúde de modo geral. O alto nível de compreensão da essência desses componentes herbáceos dá ao praticante dessa medicina maneiras de criar um efeito curativo que vai além da composição química e das propriedades físicas dessas ervas. A fórmula herbácea é escolhida a partir de sua essência ou vibração de energia positiva, para que posteriormente estimule ou ajuste do modo correto as vibrações de energia do próprio corpo.
Essas fórmulas de ervas chinesas também têm uso datados há mais de 2200 anos, sendo compostas com ingredientes escolhidos para funcionar em conjunto uma com as outras. Ao contrário da medicina do Ocidente, onde os medicamentos são prescritos de maneira individual para efeitos específicos, na medicina tradicional chinesa cada erva tem um propósito diferente para ajudar o corpo a alcançar a harmonia. Para uma planta ser incluída no repertório farmacêutico chinês, cada uma de suas partes deve ser identificada para propósitos de cura diferentes. As propriedades com potencial de cura dos alimentos são observadas da mesma maneira pela medicina chinesa. Diferentes alimentos carregas diferentes energias, essas que podem ir diretamente a órgãos específicos na ajuda para a cura.
O mundo ocidental tem realizado estudos para tentar compreender e aprender o funcionamento da medicina chinesa, mas é uma realidade muito diferente, o que dificulta bastante essa compreensão. Por exemplo, entre esses estudos, um relacionado a acupuntura envolveu pesquisas que tentaram provar que essa modalidade poderia eliminar ou reduzir a dor, além de aliviar certas condições. Porém, essa abordagem elementar ignora a percepção e a experiência mais profunda na qual a medicina chinesa tem como princípio fundamental, acreditando que o corpo humano tem poder ilimitado de cura e que as energias entre saúde e doença podem ser complementares, refletindo o princípio yin-yang dentro do corpo humano.