A compulsão alimentar é uma batalha diária e só no Brasil os dados são o dobro da taxa mundial
O drama atinge cerca 2,6% população mundial. O transtorno atinge em massa a população brasileira, especialmente adolescentes entre 14 aos 18 anos. A compulsão alimentar é caracterizada em três tipos: a anorexia nervosa, bulimia e transtorno de compulsão alimentar. A anorexia nervosa é o transtorno mais comum em nossa sociedade contemporânea, a qual acomete jovens com distorções psíquicas especificas que pode discernir de pessoa a pessoa.
A anorexia nervosa, por exemplo, é o transtorno caracterizado pela busca incansável pela magreza. O indivíduo tem a sua percepção alterada, e enxerga o seu corpo de forma diferente do real. Ao se olhar no espelho, a pessoa se enxerga extremamente gorda, mesmo sendo magras na realidade. O quadro é caracterizado também pelo medo extremo que caracteriza um quadro psicológico e a pessoa se vê encarcerado pela aflição de ganhar peso.
Os transtornos alimentares causa uma série de consequências físicas e psicológicas e até pode levar o indivíduo a depressão. Um dos primeiros sintomas da recusa alimentar é a desnutrição, seguido pela possível interrupção menstrual, no caso das mulheres, e da perda da libido e do desempenho sexual, nos homens.
Já a bulimia nervosa, que também é um quadro caracterizado pelo transtorno alimentar, acomete mais adultos, principalmente as mulheres. O peso, neste caso, é praticamente o comum. Entretanto, o que ocorre na bulimia nervosa e que se difere da anorexia é a compulsão alimentar que ocorre em um ciclo que se compensa a fim de manter o peso, isto é, a pessoa ao comer muito, procura formas de anular os efeitos dos alimentos no organismo, procurando induzir o vômito ou usar laxantes a fim de evacuar os compostos ingeridos.
O terceiro é o TCA (Transtorno da Compulsão Alimentar) que é considerado, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o mais comum entre os três e acomete tanto homens e mulheres, em proporções iguais. O TCA é mais comum em pessoas da meia-idade, e somente no Brasil ela atinge aproximadamente 5% da população.
O TCA é caracterizado pela ocorrência de situações que se parecem com os sintomas da bulimia nervosa. O transtorno causa no indivíduo a sensação da compulsão alimentar, porém se ausenta da sensação de compensação, comumente da bulimia nervosa. Devido a isso, o TCA leva ao ganho de peso, que pode até levar o indivíduo a obesidade grave. Segundo dados da OMS, cerca de 60% das pessoas que possuem o quadro de Transtorno da Compulsão Alimentar são obesas, sendo 15% considerados obesos mórbidos. Os dados preocupantes levam a discussão do transtorno aos órgãos mundiais de saúde que pensam em soluções para evitar o acometimento da doença e a sua disseminação na sociedade contemporânea.
Compulsão alimentar e a busca incessante pelo prazer
Os comportamentos repetitivos são algo comum entre pessoas que apresentam algum transtorno alimentar. O quadro faz com que a pessoa perda a autoestima, amor próprio e até o prazer pela vida. Especialistas dizem que é comum da doença, principalmente na compulsão alimentar, a busca incessante pelo prazer. Isso é possível pelos neuroquímicos ativados no cérebro e que libram a dopamina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar, que causa uma necessidade constante do indivíduo a busca pelo prazer através dos alimentos.
O problema é considerado de caráter biológico e ocasiona a transformação de comportamentos exagerados em hábitos. É como se fosse um vício que se repete constantemente que se equipara as sensações provocadas pela nicotina e pelo álcool no corpo. Com isso, o sistema nervoso central se altera e se torna passível a repetição desses comportamentos a fim de manter a liberação constante de dopamina no corpo.
Ademais, segundo especialistas, é comum do ser humano a busca por prazer. A busca pela felicidade não é algo exclusivo da contemporaneidade, por exemplo, na Idade Média acreditava-se que a felicidade estava relacionada ao casamento. Isso fazia que as pessoas buscassem incessantemente o matrimônio, sendo esse símbolo de sucesso e felicidade entre os indivíduos em sociedade. Com o passar do tempo, portanto, os padrões foram mudando, e com a evolução da civilização humana, outros “prazeres” foram criados e sensações de felicidades foram publicizadas a fim de garantir o consumo em massa e, talvez, até a espetacularização de comportamentos e ações compartilhados em grupo.
É da natureza humana, portanto, repetir experiências que trazem na memória a sensação de felicidade. Clóvis de Barros Filho, professor da Universidade de São Paulo, adianta “a sensação de felicidade ao comer a primeira paçoca nunca é a mesma das demais que se repetem”. De fato. Entretanto, o humano continua buscando formas de liberação de dopamina. É neste contexto que nasce a compulsão alimentar e a conduta repetitiva do humano na busca de felicidade e prazeres instantâneos.
Possíveis causas da compulsão alimentar
- A compulsão pode vir após um período de dieta;
- Alimentação desequilibrada;
- Baixa autoestima;
- Culto exagerado ao corpo;
- Exposição a comentários maldosos sobre o corpo na Internet;
- Questões hormonais.
Sintomas:
- Anorexia nervosa;
- Bulimia Nervosa;
- Culto excessivo ao corpo;
- Hipergrafia
- Sentimento de culpa;
- TCAP (Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica)
Obesidade e o TCA
Os dados publicados pela OMS constataram que cerca de 17% das pessoas que apresentam o quadro de compulsão alimentar apresenta a obesidade como efeito colateral. é importante frisar que muitos transtornos com o corpo surgem como efeito dos padrões de beleza impostos pela sociedade. É comum modelos apresentarem a doença da Bulimia Nervosa ou Anorexia Nervosa. Muitas pessoas se vêm pressionadas pela indústria estética e acaba desenvolvendo algum distúrbio a fim de se encaixar em grupos e padrões almejados na sociedade.
A mídia possui grande responsabilidade neste processo. Ela faz com que as práticas sejam disseminadas, não explicitamente, mas de forma oculta ao expor padrões ideais de beleza que é vitrine também nas redes sociais. O controle de peso deve ser realizado com acompanhamento médico, e de um especialista. É importante que os órgãos de saúde multipliquem na sociedade métodos saudáveis de controle de peso e coloque em pauta discussões sobre esses padrões inalcançáveis de beleza impostos pela mídia e pela indústria estética.